A receita anticâncer da cidade de Barretos ‎

Os 650 pacientes internados no Hospital de Câncer de Barretos, seus acompanhantes, o corpo clínico e funcionários, consomem, diariamente, 385 litros de leite e 600 quilos de carne. São servidos também 500 quilos de legumes, 120 maços de verdura e 130 litros de óleo soja para cozinhar 110 quilos de feijão e 220 quilos de arroz.

O leite é servido duas vezes ao dia, puro, com café ou achocolatado. De manhã (às 8h) e no café da tarde (às 14h30), acompanhado de pão, bolachas e margarina. A carne é abundante, sobretudo, no almoço, e farta no jantar.

Apesar da polêmica que envolve o assunto, a coordenadora clínica da equipe multiprofissional de terapia nutricional do hospital, Amanda Maria Ribas de Oliveira, não vê nada de errado na rica dieta baseada em leite e carnes vermelha, de frango e de peixe.

“O nosso suporte nutricional é estabelecido para evitar que o paciente seja internado desnutrido ou fique desnutrido. Um doente assim terá mais tempo de internação e mais complicações infecciosas. Em resumo, um paciente bem alimentado deve tomar leite e comer carnes”, diz.

A nutróloga explica que o hospital avalia os pacientes quando passam pelo ambulatório e quando são internados. A partir daí, é elaborada uma dieta específica para cada caso, de acordo com o tumor do paciente. “Se é um tumor gastrointestinal, o paciente terá algumas restrições, alguns cuidados. Diferente se ele tiver um tumor no sistema nervoso central. Aí usamos dietas que estão estabelecidas na literatura mundial. E a primeira dela, é a dieta balanceada, que faz parte da medida preventiva das doenças crônicas”.

Dieta balanceada





Pergunto o que é uma dieta balanceada no Hospital de Barretos. “É quando evitamos gordura e caloria em excesso. É comum indicar a quantidade de proteína que deve ser consumida, com base no peso do paciente. Seja o peso atual ou o peso ideal, servimos de um a dois gramas por quilo de peso. A gente vai mensurando isso na refeição, mas não fazemos restrições generalizadas e nem preconizamos que se coma tudo o que quiser. A dieta balanceada também emprega o uso de fibras, que previnem o câncer cólon-retal”, explica.

Pergunto se um paciente, para ficar bem alimentado, deve tomar leite e comer carne.”Aqui, nós só fazemos restrição proteica se o paciente tem uma insuficiência renal ou indicativo que justifique essa restrição. Não há regime unicamente de paciente oncológico. Costumamos orientar, na dieta a quantidade de proteína e a qualidade dessa proteína de maneira individualizada”.

Dieta radical

A médica Amanda Ribas de Oliveira, nascida em Guaratinguetá, no Vale do Paraíba, e há três meses em Barretos, diz que não é prioridade do hospital, hoje, reunir um grupo de voluntários que aceitem submeter-se a dieta radical, sem o consumo de leite e carnes, para uma pesquisa médica.

“A dieta que desaconselha o consumo de proteína animal (leite e carne) não é conclusiva. Para se fazer uma pesquisa desse porte, precisaríamos de autorização do Conselho de Ética e, principalmente, de apoio em estudo padronizado, controlado. No momento, não acreditamos que isso se justifique”.

A médica diz que o hospital oferece a dieta mais próxima do paciente. “Internado, o paciente é privado de sua comida caseira e isso já atrapalha. Se a doença trouxer inapetência, pode piorar a situação. Para evitar prejuízos, nós procuramos avaliar o paciente e oferecer dieta hiperproteica. Mas não para todos”.

Fonte: Jornal a Cidade





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