O Ministério Público instaurou um inquérito civil para investigar as causas da epidemia de dengue na cidade de Barretos (SP) em 2013. O município, de acordo com balanço divulgado em 10 de junho pela Prefeitura de Barretos, tem 4.232 casos positivos da doença – um dos índices mais altos do Estado de São Paulo. Segundo o promotor de Justiça Flávio Okamoto, autor da ação, a Prefeitura e o Governo do Estado ainda deverão apresentar, em até 30 dias, um cronograma de ações para evitar a doença em 2014. O Departamento Regional de Saúde na Cidade de Barretos informou que entregará ao MP um relatório sobre as ações de combate à dengue no município.
“Informalmente, já tive contato tanto com autoridades do Estado quanto do município relacionadas à saúde. O próprio prefeito esteve aqui, e me foi esclarecido que em 2012, principalmente no segundo semestre, em razão da sucessão de prefeitura, a cidade ficou praticamente abandonada. Sem roçada, sem fiscalização efetiva e sem contratação de pessoal suficiente para trabalhar no controle de vetores. Isso, aliado a uma virulência muito forte da dengue nesse período foi uma mistura explosiva”, afirma Okamoto.
De acordo com o promotor, a epidemia pode ser ainda mais expressiva que os números oficiais. Isso porque, segundo Okamoto, a cada caso notificado de dengue estima-se que exista outro caso da doença não notificado. “Isso nos leva a crer que em uma cidade de pouco mais de 100 mil habitantes, entre 7 mil e 8 mil pessoas tenham tido dengue. É um valor absurdo”, diz.
O inquérito pede explicações das autoridades sobre o que foi feito este ano para conter a doença e quais os planos de ação para evitar outra epidemia no ano que vem. “Perguntamos para as autoridades de saúde o que foi feito para tentar frear essa epidemia de dengue em 2013 e principalmente que eles tragam um cronograma de tudo o que pode ser feito para que evite que isso aconteça novamente em 2014. Quero evitar que mais pessoas fiquem doentes.”, afirma.
Ações intensificadas
O secretário de Saúde de Barretos, Alexander Stafy Franco, afirma que já elaborou um cronograma com as ações de combate à dengue praticadas em 2013 e os planos da Prefeitura para evitar a ocorrência de nova epidemia em 2014. Segundo Franco, a administração do atual prefeito, Guilherme Ávila (PSDB), tomou posse com um grande volume de casos da doença.
“O aumento do número de casos de dengue em Barretos começou no final do ano passado. Em janeiro houve a confirmação da epidemia, com quase 4 mil notificações mais de 3,5 mil casos positivos. A partir da confirmação da epidemia, houve uma mobilização de toda a administração com o intuito de dar prioridade para controlar a epidemia”, diz.
De acordo com o secretário, entre as ações de controle da epidemia a Prefeitura contratou emergencialmente agentes de controle de vetores, disponibilizou caminhões para a retirada de entulhos de casas e intenficou a limpeza de bocas de lobo, roçada de terrenos e casas abandonadas. “Em situações em que o munícipe impedia a entrada dos agentes, houve pedidos de ordem judicial para adentrar essas residências”, afirma.
As ações, segundo Franco, fizeram com que os números da doença estacionassem em junho. “A força tarefa que teve a participação de toda a população também ajudou. No mês de junho, não existe nenhum caso positivo de dengue. A epidemia está controlada”, diz.
Planos
No cronograma a ser apresentado ao Ministério Público está a contratação 15 novos agentes de controle de vetores no quadro efetivo de funcionários da Saúde. Além disso, a Prefeitura ainda pretende investir em educação em saúde no município. “Pela primeira vez, o município se credenciou junto ao Ministério da Saúde ao programa Saúde na Escola. Utilizaremos também os agentes comunitários de saúde das equipes do Programa Saúde da Família, em que eles visitam as casas de sua área de abrangência pelo menos uma vez por semana”, explica Franco.
Segundo o secretário, as ações da pasta da Saúde acontecerão em parceria com as secretarias de Obras e Meio Ambiente. “Trabalharemos juntos para mobilizar a população. Vamos evitar que a doença volte como epidemia no ano que vem. Mas a população também precisa colaborar, senão fica difícil”, conclui.
DRS
O Departamento Regional de Saúde (DRS) de Barretos informou, em nota, que está elaborando um relatório sobre as ações de combate à dengue no município em 2013 e um planejamento para 2014 a ser entregue ao Ministério Público. O departamento afirma, no entanto, que “o SUS preconiza que o trabalho de campo e controle da dengue cabe às prefeituras, por intermédio das secretarias municipais.”
Ainda de acordo com a DRS, a Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) chegou a assumir emergencialmente o combate à dengue em Barretos, com a implantação de uma sala de monitoramento de áreas com maior e menor intensidade de risco da doença.
Fonte: G1