O Ministério Público enviou nesta terça-feira (30) uma recomendação ao prefeito Guilherme Ávila (PSDB) requerendo que a administração municipal assuma a gestão da Santa Casa de Barretos (SP) em até três dias. A medida foi tomada por conta da situação financeira crítica do hospital, com uma dívida de R$ 60 milhões, déficit mensal de R$ 500 mil e paralisação de vários setores por falta de insumos. Em razão disso, atendimentos em ortopedia, ginecologia, psiquiatria e UTI neonatal não estão sendo realizados.
O documento, assinado pelo promotor Flávio Okamoto, requer que a Prefeitura decrete a intervenção na Santa Casa, “assumindo sua gerência a fim de evitar a paralisação da prestação de serviços de saúde aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e de adotar todas as providências necessárias no sentido de regularizar a situação financeira da entidade e de melhorar a qualidade dos serviços prestados à população.” Caso o decreto não seja publicado até sexta-feira (2), o município poderá responder por improbidade administrativa.
O setor de ortopedia da Santa Casa chega nesta terça-feira ao décimo dia de paralisação. Segundo o médico ortopedista Cleber Cunha Rodrigues, os profissionais decidiram parar de trabalhar devido à falta de materiais e ao atraso no pagamento de salários. “Estávamos trabalhando no limite de material, às vezes faltando material no centro cirúrgico e às vezes com baixa de medicamentos. Também sofremos com a falta de honorários. Estão nos devendo uma quantia razoável desde a administração anterior da Santa Casa”, diz.
De acordo com Rodrigues, os médicos enviaram um ofício há 60 dias à Santa Casa, ao Ministério Público e ao Conselho Regional de Medicina relatando o problema, mas o hospital não se manifestou. “Não fomos chamados para que nenhuma proposta concreta fosse feita. Chegou um momento em que ficou impossível trabalhar na Santa Casa. Estávamos operando praticamente no limite e com risco de maus resultados para o paciente, por isso paramos de trabalhar”, afirma.
Prefeitura
Os casos de urgência e emergência que a Santa Casa não consegue atender atualmente têm sido encaminhados às Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Barretos. Segundo o secretário de Saúde do município, Alexander Stafy Franco, em razão disso o atendimento nos centros médicos municipais aumentou 40%. O problema, no entanto, é que o município não tem condições de realizar todos os procedimentos antes feitos pelo hospital.
“Chegou a um ponto em que a situação tem que ser resolvida de uma vez por todas. A situação da Santa Casa, há três ou quatro meses, se agravou muito na questão de falta de material, de insumos básicos para procedimentos médicos e equipes médicas abandonando o atendimento por falta de pagamento de até três meses. O último acontecimento foi a paralisação da ortopedia. Temos um ambulatório de especialidades, mas é para uma imobilização mínima”, diz.
Santa Casa
Em nota, a assessoria de imprensa da Santa Casa de Barretos informou que não iria se pronunciar sobre a paralisação de serviços da unidade e que o Ministério Público já tem conhecimento de sua situação.
Fonte: G1